Olá damas e cavalheiros,
Nessa minha
primeira postagem no blog vou me apresentar para vocês e nada melhor do que uma
entrevista para isso. Esta entrevista foi elaborada pelo Brega e deve ser
respondida por todas as autoras do blog.
1)Nome ou apelido, idade e há quanto tempo joga.
Meu nome é Natalia “Avernus”, sou uma senhora de 24 anos e
jogo há aproximadamente 14 anos.
2) Qual o primeiro RPG que jogou. E o que achou?
Velhos tempos... A minha história com o RPG é muito curiosa,
mas é longa e eu tomaria muitos caracteres para escrevê-la. Mas comecei com o
velho Aventuras Fantásticas: Uma
introdução aos role-playing games. Era viciante!
3) Que RPGs joga atualmente? Com que frequência?
Estou jogando com uma maga numa campanha de fantasia
medieval, o sistema é o meu amado GURPS. Jogamos duas vezes no mês.
4) Mestra ou já mestrou algo?
Na verdade, comecei mestrando! Peguei aquele mesmo Aventuras
Fantásticas, reuni aqueles nerds embrionários e dali surgiu o nosso pequeno
grupo. De lá pra cá passei como mestra pelo AD&D, GURPS 3.ed., Storyteller,
D&D 3.X e finalmente o GURPS 4.ed.
5) Qual sua visão do olhar sobre personagens femininas em RPG?
É difícil responder. Em minha jornada conheci poucas
jogadoras e sobre este pequeno universo, percebi que a maioria prefere atuar em
papéis menos marciais, optando quase sempre por magas, clérigas, ladinas,
bardas, diplomatas, toreadoas, tremere e por aí vai. E quanto às NPCs mulheres,
dificilmente os mestres usam com profundidade a mesma quantidade dos NPCs
homens. De uma maneira geral, as NPCs geralmente não recebem grande destaque.
Óbvio que existe a princesa, a bruxa, a clériga suprema... Enfim.
6) Qual RPG, em sua opinião, retrata melhor um olhar feminino do mundo? E por quê?
São tantas as opções... Mas acho que o que retrata melhor é
a narrativa, e não o sistema em si, não sei. Um sistema que me veio à cabeça
foi Changeling, acho que por sua temática mística e diversificada, saindo
bastante do hack & slash.
7) Há uma franca maioria de homens jogando RPG. Por que isto ocorre em sua opinião?
Que tipo de RPG, em sua opinião, poderia tornar o jogo mais popular entre mulheres? E qual o pior?
Muitos fatores afastam as mulheres do RPG. Desde pequenas
somos ensinadas a brincar com bonecas, casinha... A temática principal do RPG
(a fantasia medieval) não está no conteúdo que nos é ensinado a gostar. Hoje em
dia isso mudou um pouco, mas ainda é acontece. Outro fator é que as garotas
podem se sentir intimidadas a jogar aquele “jogo onde só tem homens” ou quando
joga passa por experiências constrangedoras que as fazem desistir de jogar.
Como tornar popular? Acho que o mais fácil é trazendo uma temática que elas
gostem. Vampiro: a máscara fez isso de maneira brilhante. O pior? Bem, talvez
os sistemas que foquem apenas o hack & slash possam afastar o público
feminino.
8) Que tipo de ambientação costuma encher seus olhos?
Dark fantasy e low fantasy são minhas paixões.
9) Recentemente tivemos um homem em um avião aqui no Brasil que se “recusou” a viajar com uma “pilota”, o que indica que ainda vivemos em um país machista. Já vivenciou algum tipo de situação em que houve preconceito (machismo) ou desconforto em uma mesa de RPG?
Acho que tive sorte. Geralmente foi mais o contrário: os
rapazes ficavam surpresos/satisfeitos comigo. Mas já ouvi histórias de
preconceito com outras garotas.
10) Que tipo de personagens (históricas ou fictícias) costumam te agradar como referência em uma personagem?
Costumo apreciar as mulheres que fogem daquele estereótipo
frágil/belo. Como a Morgana e Viviane em Brumas de Avalon, Gabriele do Vampiro
Lestat, Brida das Crônicas saxônicas, e a própria Joanna D’Arc.
11) Personagens femininas raramente menstruam, engravidam,
não tem nem mesmo TPM. Na ficção isso é algo raro, aliás, e se atribui este
fator a uma simplificação em nome de uma história mais simples. Como um ou mais
destes elementos poderiam ser incorporados em uma narrativa de RPG,
contribuindo para a trama ficar mais funcional?
Poxa, nem mesmo o GURPS que tem regras para tudo que se
imagina previu a TPM ou menstruação! Sobre gravidez, uma personagem minha já
engravidou e isso foi muito legal. Os mestres deveriam se preocupar com alguns
elementos (principalmente a gravidez) e dosar o que é divertido e o que é perda
de tempo.
12) Ao mesmo tempo, quando são NPCs parecem ninfomaníacas insaciáveis. Como seria um RPG que estereotipasse os homens?
Credo, não gosto nem de pensar nisso! (rs) Provavelmente eles
seriam todos com síndrome do “macho alfa”, paredes de músculo e cérebro
atrofiados e até os elfos teriam barba.
13) Que tipo de atributo costuma dar preferência em um sistema (Fisicos, sociais ou mentais)?
Quando faço personagens furtivas (uma paixão minha), doso
entre físicos e mentais. Para as arcanas, foco no mental. Em todos os casos,
geralmente o social fica por último!
14) Se tivesse um super-poder, qual seria?
Supervelocidade de aprendizado... Um sonho!
15) Leu algum autor ou autora que fale sobre feminismo? Se sim, qual recomendaria?
Sou ainda iniciante no feminismo, mas li uma vez um livro
chamado O Machismo Invisível, de Marina Castaneda. Mostra como o machismo
está tão entranhado na sociedade que às vezes até feministas são machistas e
não percebem...
16) Fora o RPG você
faz alguma outra atividade nerd?
Ih, deixe-me contar.
Amo literatura de fantasia e já escrevi uns contos do cenário que desenvolvo, jogo
jogos no pc ou vídeo-game, participo de um grupo de Larp, torneios de swordplay,
coleciono materiais nerd (dados, miniaturas, livros, bibelôs da temática,
etc.), adoro boardgames, sou metaleira (segundo meu cunhado, é “coisa de nerd”)...
Isso já é suficiente para deixar minha mãe bastante desapontada.
17) O que pensa
sobre príncipes encantados? Já encontrou algum?
Não encontrei nem no
RPG, muito menos na realidade. Já se foi o tempo que acreditei nisso. Defeitos
todos temos, afinal, quando fizemos nossas fichas precisávamos daqueles
pontinhos extras, né?
18) Para finalizar,
deixe-nos uma dica sobre como lidar quando tivermos uma jogadora em nossa mesa.
O tratamento
diferenciado, seja para pior ou para melhor, não deve acontecer. Sejam naturais
e caso ela seja iniciante, esteja certo que ela compreendeu tudo muito bem
antes de fazer com que um bardo jogue piadinhas para a personagem dela na
taverna. Tendo respeito e humor, tem tudo para dar certo.
Lembre-se Príncipes encantados são sapos (O encanto transforma eles em sapos, então, enquanto estão encantados, são sapos).
ResponderExcluirUm lembrete importante: Sobre RPGs com temática feminista (pelo menos a sério. O MMAD é meio nonsense demais pra isso, imo), recomendo fortemente uma passada pelo Blue Rose. Fantasia medieval da Green Ronin, "mesmo" sistema do M&M, e com várias pegadas de fantasia medieval romântica, q leva mais pro lado feminino da coisa. Entre outras coisas, temos uma ImperadorA como ápice do poder do cenário. Bom, recomendo a passada, e parabéns pelo blog.
ResponderExcluirGrande Blog, gostei muito da idéia..... Boa Sorte!
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